“Eu trabalhei na roça para não faltar nada para o meu filho”, diz mãe de jovem da Bemol morto em assalto

JUSTIÇA – Após horas da morte do filho, Melquisedeque dos Santos Vale, sua mãe, Na manhã desta sexta-feira (17), Francilene, concedeu uma entrevista muito emocionada a um TV local de Manaus.

Desesperada, ela relatou que o jovem aprendiz da da etnia Sateré Mawé, filho do município de Manaquiri, era um rapaz sonhador e trabalhador e relatou um trecho da sua última conversa com o filho. “Mãe, eu já tenho 20 anos e quero ter as minhas coisas”.

Mas, o triste destino, injusto por sinal, não permitiu que o rapaz crescesse na vida. Na noite desta quarta-feira, Melquisedeque perdeu a vida durante um assalto na linha 444 quando retornava para casa depois de uma dia longo de trabalho. Com ele, trazia sua primeira cesta natalina que levara para a família e seus sonhos interrompidos.

“Desde pequeno, ele sempre foi um sonhador. Ele disse que estava feliz, pois tinha um trabalho e poderia realizar o sonho de me ajudar. Eu peço justiça não somente por ele, mas por todos os jovens que vêm do interior pedindo uma oportunidade”.

Na porta do Instituto Médico Legal (IML), aguardando a liberação do corpo, os familiares informaram que acontecerá uma manifestação no bairro Compensa até a frente da Sede do Governo, onde eles pediram justiça.

O tio da vítima, Ageu, classificou o assassinato como uma “punhalada em toda a nação Sateré”.  “Muitos indígenas vêm para a cidade em busca de uma oportunidade. Não recebemos ninguém com tiro na cabeça, mas esse é o tratamento que a sociedade dá aos povos indígenas”, lamentou.

Emociada, Francilene disse que sempre foram honestos e trabalhadores. “No início de novembro deste ano ele veio para a cidade para conseguir trabalho. Ontem estava feliz, pois havia recebido uma cesta de natal da empresa onde estava trabalhando. Eu trabalhei na roça para não faltar nada para o meu filho”.

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