Motorista de Uber em Manaus roda até 12h por dia para manter renda

“No momento é muito suor como Uber para mantê-lo. Tem mês que eu tenho que fazer bolo”, diz o motorista João Fernandes. Alta no preço da gasolina se deve à política federal, avalia sindicato dos petroleiros

O aumento acumulado de 39,6% no preço da gasolina no últimos 12 meses, segundo dados do  Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo IBGE, tem provocado estragos no orçamento das famílias de Manaus.

Para o motorista de aplicativo, João Fernandes (37), tem sido mais complicado manter os gastos com combustível apenas com um único emprego “No momento é muito suor como Uber para mantê-lo. Tem mês que eu tenho que fazer bolo. Essas coisas, que a minha esposa sempre ajuda nessa parte”, explica.

O motorista que antes conseguia trabalhar apenas oito horas por dia, hoje precisa de 12 horas para conseguir repor o que foi gasto com a gasolina e reter algum lucro.

Com a média encontrada nos postos de gasolina em Manaus de R $6,29, muitos motoristas precisam abrir mão de algumas despesas, para que as atividades diárias não sejam interrompidas pela falta de combustível. O agente de proteção, Edevaldo Souza, 38, contou que os momento de diversão estão mais raros. “Lazer, eu quase não consigo mais ter porque já utilizamos o carro em questões de necessidade”, acentua.

A corretora de imóveis, Pamela dos Santos, 31, relatou que antes com R$ 30,00 conseguiam permanecer a semana inteira com o carro rodando, agora com R$ 50,00  não chega a durar dois dias utilizando o automóvel.

Para o presidente do Sindipetro-AM,  Marcus Ribeiro, o principal responsável pela alta dos combustíveis é a atual gestão da Petrobras junto com o governo federal que mantêm a política de preço atrelada ao mercado internacional. “Então, no momento que é mantido essa política faz com o que os preços dos combustíveis que saem das refinarias fiquem atrelados  às condições internacionais, à variação do dólar, o preço do barril de petróleo. Então toda essa variação externa faz com que tenha um impacto no mercado interno”, disse.

A economista Denise Kassama ressalta que o recente aumento de 7,2%  no preço da gasolina e gás atinge em cheio o bolso dos brasileiros, além de contribuir com o aumento da inflação.

“O aumento desses dois itens não atinge somente a renda da família de forma direta, pois há uma série de serviços e bens que derivam destes itens. O aumento do gás impacta diretamente no setor de bares e restaurantes, aumentando o custo na produção de alimentos, que podem ser repassados para o valor final das refeições ou podem ser absorvidos pelos empreendedores, que reduzirão sua margem de lucro ou reduzirão custos, como por exemplo, reduzir o quadro de funcionários. No caso da gasolina, incide sobre fretes domésticos, transportes de táxi e aplicativos e as idas e vindas de todos”, disse.

Denise explica que, em Manaus, o aumento, na média, foi de 5%. E que antes, com R$ 100,00, abastecia-se cerca de 16,94 litros. Hoje com os mesmos R$ 100,00 abastece R$ 15,89, ou seja um litro a menos.

“A tendência, infelizmente, é termos mais aumentos. Como a política de preços da Petrobras está alinhada com o mercado internacional, o aumento da demanda global sem uma oferta compatível, tende a manter os preços em ordem crescente. O frequente desmantelamento das Petrobras, como foi o caso recente da venda da Reman, tornam o Brasil cada vez mais dependente deste mercado.  Ou seja cada vez mais, os brasileiros estão precisando fazer escolhas quanto aos seus hábitos de consumo. E cada vez mais  essa decisão deriva entre ter o que comer ou ter por onde andar”.

 

Fonte: AC

 

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